Da migração do tucunaré do rio Amazonas para as regiões sul e sudeste, realizada pela pesca esportiva, até a polêmica produção em massa de tilápia para consumo humano e para abastecer as indústrias de papel e celulose de pinus e eucalipto, os exemplos são inúmeros no Brasil .
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Afinal presença de espécies exóticas invasoras no Brasil.
Além de competir por espaço e nutrientes com espécies nativas, outros impactos ambientais, plantas, animais e microrganismos causam diversas perdas econômicas ao país, sejam elas intencionais ou acidentais.
É o que mostra o Relatório Temático sobre Espécies Exóticas Invasoras, Biodiversidade e Serviços Ecossistêmico.
A publicação foi lançada no início de março pelo Fórum Brasileiro de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (BPBES).
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No Brasil existem 476 registros de espécies exóticas invasoras, das quais 268 animais e 208 plantas e algas são encontradas em todos os biomas.
Mata Atlântica é a mais afetada e a Amazônia é encontrada em pequenas quantidades.
Deste total, 16 espécies causaram perdas económicas de 2 a 3 mil milhões de dólares anuais entre 1984 e 2019, principalmente devido à propagação de pragas e doenças agrícolas.
Os dados são calculados a partir dos dados disponíveis, mas ainda são considerados estimados pelos cientistas envolvidos.
Entre essas espécies estão a mosca-branca (Bemisia tabaci), o javali e suas espécies (Sus crofa), a rã-touro (Litobates catebeanus).
Espinho-dourado (Limnoperna fortunei) e as espécies de mosquitos Aedes que transmitem dengue, febre amarela, Vírus Zika e Chinkunguya.
Impactos econômicos negativos no Brasil
O professor Mário Orsi, da Universidade Estadual de Londrina, membro do grupo de coordenação do relatório, explica que as invasões biológicas têm efeitos negativos na conservação da biodiversidade.
Saúde humana, nas atividades econômicas e socioculturais.
“De quase 500 espécies, 239 produziram 1.004 impactos negativos e 33 impactos positivos com registros ocasionais e de curto prazo. A maioria das espécies com impactos negativos são introduzidas globalmente.
Exemplos incluem tucunaré, javali, caracol gigante africano e camarão da Malásia.
“Tudo isto é grave porque a saúde humana e o ecossistema estão interligados”, alertou.
Segundo Orsi, esses efeitos podem levar a surtos e epidemias.
“Nos sistemas não biológicos podemos ter alterações na qualidade da água e na estrutura e propriedades do solo, enquanto nos sistemas biológicos temos perda de biodiversidade, perda de espécies e perda de habitat”, explica.
Afinal as preocupações manifestadas pela professora Andrea Junqueira incluem a perspectiva de aumento populacional e a resiliência das espécies invasoras para combater os efeitos da crise climática.
Expansão da produção de alimentos, que apoia invasões biológicas.
Também destaca as questões socioculturais que dificultam a compreensão da sociedade sobre os malefícios causados por animais como cães e gatos vadios devido aos elementos afetivos e econômicos envolvidos no processo.
Prevenção é a melhor estratégia, afirmam especialistas no Brasil
Como parte do problema no Brasil, para o professor.
Grande erro dos formuladores de políticas públicas que incentivam a criação de peixes como a tilápia ou o naufrágio de estruturas como navios, tanques e aviões.
Sendo um recife artificial, uma iniciativa classificada como mais uma “porta de entrada de espécies invasoras” além das convencionais.
Um grande exemplo é a construção do Canal de Suez, que introduziu espécies exóticas do Mar Vermelho no Mediterrâneo fora do Brasil. O mesmo aconteceu com o transporte marítimo de cogumelos dourados da China.
Graças à simplicidade do molusco, ele pode se fixar em estruturas sólidas, entupir tubulações e equipamentos de instalações hidrelétricas e causar sérios danos.
Afinal o professor Mário Orsi destacou que existe um conjunto de estratégias que podem ser implementadas como processo de invasão biológica e que a eficiência na ação ajuda a reduzir os efeitos.
Mas reitera que a prevenção ainda representa a melhor motivação.
Conclusão
Para o professor Michel Dechom, uma das principais mensagens da investigação inclui a necessidade de construção de uma política nacional focada neste tema.
Embora já existam regulamentações dispersas e fragmentadas em diferentes departamentos governamentais do país.
Dados os muitos interesses económicos envolvidos, ela espera regulamentação.
Globalmente, o principal acordo internacional sobre a agenda da biodiversidade é a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), da qual o Brasil é signatário.
Neste contexto, a redução de 50% na introdução de espécies invasoras até 2030 é a meta 6 como um dos 23 Quadro Global de Biodiversidade Kunming-Montreal, assinado em Montreal em dezembro de 2022, no 15º âmbito.
Conferência das Partes da CDB (COP-15). “Há uma forte previsão de que as invasões biológicas [globalmente] aumentarão em 30% até ao final deste século.
Devemos fazer e fortalecer a prevenção como medida de melhor custo-benefício. A inação e a demora na ação vão piorar a situação”, afirma a professora.
Fonte de informação: brasil.mongabay.com