Viajar para se curar - Experience

Viajar para se curar

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Durante muito tempo, eu acreditei que viajar era um privilégio reservado para quem tinha dinheiro, tempo e uma vida perfeita mas é para quem quer se curar.

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No entanto, depois de um período difícil, entendi que as viagens não servem apenas para lazer.

Muitas vezes, elas se tornam um caminho de cura.

Quando a vida desaba, o impulso de partir pode ser mais que fuga: pode ser necessidade.

E foi exatamente isso que aconteceu comigo.

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Poucos meses depois do fim de um relacionamento longo, me vi preso dentro de uma rotina que já não fazia sentido.

Cada canto da casa carregava uma lembrança. Cada trajeto até o trabalho doía. Por isso, decidi sair.

Com pouco planejamento, pouca bagagem e nenhuma expectativa, comprei uma passagem só de ida.

E, assim, começou uma jornada que não me levou apenas a novos lugares, mas principalmente de volta a mim.

O impulso de partir: quando a dor vira movimento

Antes de qualquer coisa, é preciso dizer: eu não viajei para fugir.

Eu viajei porque não conseguia mais permanecer. Além disso, o silêncio da casa me sufocava.

As mensagens não lidas, os pratos acumulados, os álbuns de fotos… tudo me empurrava para longe.

Embora amigos tentassem ajudar, nenhuma conversa preenchia o vazio que eu sentia.

Portanto, viajar surgiu como uma forma de reconstrução.

Não sabia se daria certo. Contudo, sabia que precisava tentar. E isso bastou.

O primeiro passo: redescobrir o agora

Cheguei a uma pequena cidade do sul do país.

O frio batia forte, e eu carregava mais incertezas do que roupas.

Nos primeiros dias, caminhei sem rumo. Apenas andava, sentava em praças, observava pessoas e tomava cafés em silêncio. Parecia pouco. No entanto, era muito.

Logo percebi que, quando você muda de cenário, seus pensamentos também mudam.

Mesmo que os problemas ainda existam, eles ganham outra forma.

E, nesse novo formato, você começa a ver possibilidades.

Além disso, estar em um lugar onde ninguém te conhece é libertador. Você pode ser você, sem máscaras, sem obrigações, sem explicações.

Assim, comecei a voltar ao presente. A cada passo, me reconectava.

A cada cheiro novo, a cada paisagem diferente, a dor perdia força.

A leveza do improviso

Eu não tinha um roteiro definido.

Apenas sabia que queria seguir em frente. Portanto, fui escutando os caminhos.

Se alguém me falava de um vilarejo interessante, eu ia.

Se o clima mudava, eu adaptava os planos. Isso me ensinou algo valioso: a leveza de não controlar tudo.

Antes, eu era apegado ao controle. Planejava cada detalhe da vida, evitava riscos, temia o inesperado.

No entanto, as viagens me mostraram que o imprevisto pode ser melhor que o previsto.

Por exemplo, em um dia em que pretendia visitar uma cachoeira, uma tempestade me impediu de sair.

Em vez de me frustrar, aceitei. Fiquei na pousada, conheci a dona, conversamos por horas.

Descobri que ela também havia passado por um término doloroso.

E, naquele diálogo sincero, algo em mim se acalmou.

Assim, fui aprendendo a dizer “sim” para a vida como ela vinha. Com vento, com sol, com incerteza.

As pessoas do caminho

Embora eu tenha viajado sozinho, nunca me senti de fato sozinho.

A cada parada, conheci alguém. Um motorista de ônibus que me indicou um restaurante escondido.

Uma senhora que me ofereceu café e pão de queijo num vilarejo de Minas.

Um casal de mochileiros que me convidou para dividir um quarto em um albergue.

Cada pessoa trouxe uma história, E, ao escutá-las, percebi que ninguém escapa da dor.

Todos carregam perdas, medos, dúvidas. No entanto, também carregam força, esperança, vontade de recomeçar.

Essas trocas me curaram aos poucos. Porque, ao me conectar com o outro, parei de focar apenas em mim.

Além disso, aprendi que falar sobre o que sentimos alivia.

Em uma noite fria, sentei com um desconhecido à beira de uma fogueira e contei tudo. Não esperava conselhos.

Apenas queria ser ouvido. E fui. Isso bastou.

A conexão com a natureza

Outro ponto essencial da minha jornada foi a natureza.

Sempre morei em cidade grande, cercado por prédios, buzinas e pressa.

No entanto, ao viajar, reencontrei o silêncio.

Senti a força das montanhas, o cheiro das árvores, o som dos rios.

E, em meio a tudo isso, reencontrei minha paz.

Por exemplo, ao fazer uma trilha em uma reserva ecológica, percebi o quanto estava distante do meu corpo.

Cada passo na terra me lembrava que eu estava vivo.

O cansaço físico me desconectava dos pensamentos dolorosos.

Assim, aos poucos, o corpo me puxava de volta para o presente.

Portanto, entendi que a natureza cura, Não com mágica, mas com presença, Basta estar ali, sentir, respirar.


Fonte de informação: Autoria Própria